Você sabia que o desenvolvimento viscerocranial parece ser mais influenciado pelos fatores epigenéticos que o desenvolvimento neurocranial e que o desenvolvimento vertical do crânio é potencialmente mais afetado pela ingestão de glúten em indivíduos sensíveis ao glúten nos primeiros anos de vida? Seja bem vindo a Odontologia Integrativa!! A odontologia do futuro que irá transformar seus atendimentos. É através do olhar da odontologia Integrativa que eu te convido a conhecer mais sobre a influência do glúten no desenvolvimento craniofacial.
O desenvolvimento de proporções cranianas é resultado de fatores genéticos, embriogênicos e ambientais. Doença celíaca é uma doença hereditária geneticamente diagnosticada frequentemente na idade adulta em indivíduos, nos quais a doença permanece não identificada por anos e pode afetar o crescimento infantil desde o momento da introdução do glúten na dieta até o momento da retirada do glúten após o diagnóstico. O neurocrânio (ou seja, aquela parte do crânio que é derivada dos arcos branquiais (ou faríngeos) e compreende os ossos da face) se desenvolve quase completamente no feto ainda dentro do útero, enquanto o viscerocrânio (ou seja, aquela parte do crânio que é derivado dos arcos branquiais e compreende os ossos da face) sofre seu maior desenvolvimento durante o desmame, infância e dentição. Segundo estudos o que ocorre é que o glúten provoca efeitos imunológicos e nutritivos causando alteração inflamatória durante o desenvolvimento do crânio, afetando em particular o crescimento vertical do viscerocrânio. A desnutrição, em particular a falta de proteínas derivadas de alimentos, pode interferir com o desenvolvimento do crânio, conforme descrito em estudos experimentais publicado 1999- “Protein malnutrition affects the growth trajectories of the craniofacial skeleton in rats”, em animais alimentados com dieta pobre em proteínas durante o estágio inicial de vida. Dieta pobre em cálcio e vitamina D causa anormalidades craniofaciais em modelos experimentais. Está bem conhecido que a doença celíaca não diagnosticada induz à falha de crescimento e afeta o metabolismo ósseo e que sem glúten a dieta normaliza a massa óssea em crianças celíacas. Um estudo publicado em maio de 2005 na revista “ Digestive and Liver Diseases” teve o objetivo de avaliar os efeitos relacionados ao glúten no desenvolvimento facial em pacientes com doença celíaca não diagnosticada e sua relevância clínica. A conclusão demonstrou que morfologia craniofacial de pacientes com doença celíaca revela um padrão alterado de crescimento craniofacial. Este é o primeiro relato de alterações do desenvolvimento craniofacial na doença celíaca. Esta alteração é um sinal clínico que deve ser incluído entre a manifestação extra-intestinal da doença celíaca. Tem uma frequência comparável a outros sinais ou sintomas, como anemia e baixa estatura e é um melhor preditor de doença celíaca do que outros sinais, como estomatite aftosa recorrente, aborto recorrente e hipoplasia de esmalte dentário. Este sinal, juntamente com a presença de outros sinais e sintomas clínicos, deve alertar o profissional que pratica odontologia integrativa e pode realizar um diagnóstico subclínico para testar um paciente para doença celíaca.
(Dig Liver Dis – 2005 Sep;37(9):659-64. doi: 10.1016/j.dld.2005.04.014. Large forehead: a novel sign of undiagnosed coeliac disease)